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Importância da Identidade Visual para Correspondentes Bancários

Entrevista: A importância de uma boa Identidade Visual para Correspondentes Bancários

Que inspirar credibilidade e profissionalismo é fundamental para qualquer empresa, principalmente para aquelas que lidam com dados sigilosos e financeiros, você provavelmente já sabe.

Mas está claro para você quais são os elementos que ajudam a atribuir essas qualidades ao seu negócio de correspondente bancário?

Embora muitas empresas ainda não tenham percebido, a forma como estabelecem a sua comunicação – dentro e fora da internet – é um um fator decisivo para o usuário entender quem é a sua empresa e decidir se pode ou não confiar nela.

E a comunicação é composta por vários elementos, incluindo a linguagem que utiliza, a forma como se expressa e, também, a sua identidade visual.

Nesta entrevista, você entenderá sobre a importância de uma identidade visual para correspondentes bancários.

Entrevistamos a designer de marcas Cilene Silveira, especialista em projetos de identidade visual, criadora inclusive da identidade visual da Viver de Crédito.

Partindo de referências e tendências no mercado de fintechs, Cilene trouxe excelentes insights sobre posicionamento de marca e identidade visual para o mercado de crédito.

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Entrevista A importancia da identidade visual para Correspondentes Bancarios

[Viver de Crédito] Você acredita que as tendências visuais adotadas por empresas modernas no mercado de crédito, como fintechs que utilizam cores vibrantes e design clean, podem ser uma referência relevante para a estratégia visual de Correspondentes Bancários?

[Cilene Silveira] Na verdade, não é uma tendência “nova”. São caraterísticas antigas que voltaram. Esta é uma linha de design que sempre funcionou, foi muito usada por grandes designers e grandes marcas no passado.

A gente tem o Wollner* aí, a gente pode pegar o exemplo da Coca-cola ou de outras marcas que são mais clean e notar que na verdade esse estilo já era usado, a gente só não tinha disponível os programas, os recursos e as tecnologias que temos hoje.

Anos atrás a gente encontrava logotipos e identidades de marcas que carregavam muitos elementos visuais juntos, como desenhos e detalhezinhos destes desenhos, linhas, locução, símbolos, dentre outros, e hoje em dia notamos um tom mais suave na comunicação. Aquele estilo caiu em desuso?

Nós atravessamos uma época em que começaram a usar muito efeito, a inserir muita coisa nas marcas, mas isso foi um período que passou, porque as marcas começaram a ficar extremamente poluídas e percebeu-se que isso começou a tirar o foco daquilo que é o mais importante na mensagem para o usuário.

Quais são as tendências de logotipo para empresas modernas, como é o caso dos Corbantechs? As fintechs podem trazer boas inspirações? De que forma?

Então, aquela coisa do “menos é mais”. Tanto para a fintech quanto para outras empresas, uma marca precisa de mais coisas além do “visual”.

Ela precisa transmitir sensações, sentimentos, uma proximidade com o usuário. Essa nova era pede essa coisa mais próxima, mais prática, mais da confiança.

E devido às mudanças de posicionamento, as marcas adotaram um visual que combinou com isso. Hoje elas apresentam uma coisa “mais limpa”, a situação de usar “caixa baixa”, por exemplo, pode conduzir a uma questão de proximidade, de se colocar no mesmo lugar do usuário, de tornar mais aconchegante, menos burocrática.

Já na parte de cores, quando a gente não tem muita informação visual, como que a gente chama atenção? Pode ser nestas cores vibrantes. Essa cor vibrante também traz essa sensação da alegria, do movimento, da facilidade, transmite ser uma coisa tranquila de se fazer negócio.

O traço fino entra muita no estilo clean, mas não necessariamente precisa ser um traço fino, mas um traço mais simples, mais reto. E também eu acredito que tem muito essa questão do posicionamento da marca, se é uma marca acessível ou tradicional, o visual interfere muito na mensagem da marca.

Dessa forma, como já dito, não necessariamente é uma tendência, mas uma coisa que já funcionava, que já funcionou há muitos anos, mas agora ressurge, um pouco renovado, como por exemplo essa questão de cor vibrante, que não era tao usada.

E afinal, o que você enxerga como tendência para um bom posicionamento de marca de uma empresa que vende de crédito como é o caso do correspondente bancário, que transmita modernidade ou tecnologia e que ao mesmo tempo acessibilidade e a conquista da confiança do usuário?

Eu acho que a grande tendência é se preocupar com a experiência do usuário. E no momento em que a gente se preocupa com a experiência, que a gente quer passar uma experiência de tecnologia e ao mesmo tempo de proximidade para o usuário, o visual tem que bancar isso.

Promover o feito mesmo que inconsciente de você olhar para aquela marca e ter uma sensação por meio dela. Eu acho que as empresas antes não davam tanta atenção, mas isso foi necessário de acordo com o mercado.

Ele foi se modificando. E, sobretudo, você precisa também ter um diferencial. Para uma marca se diferenciar, a identidade visual tem que acompanhar o que a marca realmente quer transmitir.

Muito se fala hoje em minimalismo. O estilo minimalista tem atraído cada vez mais adeptos. Falando em identidade visual, o estilo usado pelas fintechs é o minimalista?

Acho que não é exatamente o minimalista, é o “menos é mais” mesmo. O minimalismo normalmente é super simples e, às vezes, nem agrega cor vibrante. As fintechs tem um visual, digamos, “mais clean“, e que na identidade elas trabalham com um grafismo longe do minimalismo.

A comunicação das fintechs tem uma coisa mais de efeito, existe uma representaçao ali, alguma coisa ali que tem mais informação, acho que não é exatamente um minimalismo, mas passar a informação do que a marca é. Logo, não se encaixa, já que o minimalismo é mais cru e não tão energético.

Quando o usuário tem um contato com a marca, ele encontra exatamente aquilo que o visual transmitiu. Acho que o tom energético do estilo fintech representa bem essa questão do movimento, nosso cérebro faz o link imediato com tecnologia.

Essa coisa da linguagem mais energética na comunicação visual das fintechs, tem a ver com a faixa etária do usuário?

Teoricamente, se eu sou uma fintech que trabalha com conta digital para jovens eu tenho que ter uma linguagem que se aproxime deles. Já se eu sou uma fintech que trabalha para o público de mais idade, eu tenho que parecer uma coisa próxima e fácil, tendo em vista que o público mais velho tende a já ter uma objeção prévia, de já trazer no subconsciente que tecnologia é uma coisa difícil, que não vai conseguir mexer, que não vai conseguir se adaptar, então eu preciso quebrar essa objeção no primeiro contato.

O desafio, portanto, é que na maior parte dos casos, você precisa conversar com esses dois públicos ao mesmo tempo. O fato de praticamente todas as fintechs terem um elemento visual em comum, demonstra que esse tipo de linguagem acaba pegando um pouco dos dois públicos, o que nos demonstra que elas precisam “generalizar” para conversar com estes e outros públicos.

Exceto em alguns casos, como é o caso do Banco Next que tem uma linguagem 100% voltada para o público jovem.

No caso do Banco Next, a gente percebe uma comunicação totalmente nichada para o público jovem, um pouco diferente inclusive, da maioria das fintechs e bancos digitais que adotam uma linguagem mais genérica que se conecta com os dois públicos, ou até mesmo com mais públicos, conforme você já comentou. Complementando sobre essa questão da identidade visual e dos nichos, o uso da linguagem nichada para jovens, por exemplo, pode atrapalhar a mensagem da marca ou ajudar?

Outro dia vi uma propaganda do Banco Next. Eles adotam uma linguagem na publicidade toda voltada para o jovem, usam gírias, memes e coisas assim, e às vezes, você vê uns comentários no Instagram, do tipo: “Nossa, que absurdo uma empresa falando assim!”, e, geralmente nestes casos, algumas pessoas não entendem que aquele conteúdo não foi feito para elas, mas sim para um jovem que super entendeu e se conectou com aquela mensagem.

Geralmente são produtos como “abrir uma conta com pouco dinheiro” ou aquela ferramenta não tem tantas funcionalidades que um adulto precisa, porque não é para o adulto aquele serviço.

Evidente que muitas vezes, quanto mais nichar melhor, essa questão de nichar ajuda na comunicação, mas dá para as marcas serem um pouco mais abertas também. Esse padrão que as fintechs tem usado é interessante, porque se encaixa em todos os públicos, claro, não usando as gírias, mas visualmente falando.

No caso do público de mais idade, como você já mencionou, a gente nota realmente uma certa resistência, inclusive na hora de formalizar um contrato pelo meio digital, cuja assinatura pode se dar por meio de selfie. Há uma certa desconfiança em usar este recurso. Logo, por saber que este público já tem uma aversão à tecnologia, muitas empresas acreditam que para conquistar a confiança e transmitir maior credibilidade para este público, deveriam empregar uma identidade visual mais fechada. Isso procede?

Não, totalmente não. Porque no contexto, quando o usuário se depara com uma empresa que está cuidando da sua marca, que tem um site bacana, que apresenta uma comunicação legal, que tem uma identidade visual profissional, isso já transmite a ideia de que aquela é uma empresa séria, que não é uma empresa de fundo de quintal e aí é que está a diferença. O que transmite a confiança, não exatamente está numa linguagem séria.

À partir do momento que o usuário estabelece contato com a sua empresa e vê que o site está bem feito, que a linguagem das redes sociais é bem cuidada, ele se sente mais segurança. E uma vez que você já ganhou a confiança desse usuário por meio da parte visual, o que você precisa trazer de sensação para ele é de que é fácil se relacionar com você.

Em outras palavras, promover uma experiência, sensações, acessibilidade. Daí em diante a conclusão será de que é confiavel e é facil. É tecnologia, é movimento, é diferente, é inovaçao, por aí vai…

As pessoas confundem muito essas vertentes, de que para confiar numa empresa, a identidade visual tem que ser séria, mas uma empresa que tem uma identidade visual profissional, uma vez que por

meio dela já gerou a confiança, não precisa mais pensar nisso. Ela teria que pensar é no que não gera confiança, como um visual amador. E o usuário tem essa percepção do que foi bem feito e do que não foi bem feito. Ele sente, mesmo sendo a pessoa mais leiga do mundo em termos de design e é aí onde a gente ganha a confiança desse cliente que em geral, é o adulto.

A maioria das fintechs, ou talvez todas, parece que não utiliza a locução junto aos seus logotipos. Já no setor de correspondentes bancários é comum encontrarmos o uso da locução junto ao logo, como: “Soluções Financeiras”, “Negócios Integrados”, “Empréstimos e Financiamentos”, entre outras. Você acredita que a locução junto ao logotipo é ou não, necessária para uma marca?

O uso ou não de locução, depende muito de estratégia da marca, do tamanho e do quanto ela dispõe de tempo e recursos para investir em marketing.

Por exemplo, normalmente essas empresas que são grandes elas já tem toda uma comunicação voltada para o que elas fazem e tem uma possibilidade de investir com frequência, tem uma verba alta para colocar em veiculaçao de mídia, seja offline, online, propaganda, coisas do tipo, então, toda a comunicação é voltada para quem, ao acessar a marca pela primeira vez, já entenda o que ela faz.

Uma vez lançada no mercado e as pessoas entendendo bastante o que ela faz, já vão começar a conhecê-la. Dessa forma, não tem necessidade de usar a locução, inclusive neste caso, mais atrapalharia do que ajudaria, porque quanto menos elementos visuais escritos, mais fácil mentalizar aquela marca.

Creditas é bom exemplo disso, até no nome remete ao que a empresa faz. Então, dificilmente o usuário entra em contato com a marca e não entende brevemente o que ela faz.

A locução serve para uma marca que, por exemplo, é muito nova no mercado e que está se posicionando, ou, que às vezes, não tem muita verba para ficar investindo em mídia constantemente, que não tem condições de ficar “insistindo” no que faz e aí, a gente usa a locução para ajudar a posicionar a marca nos fragmentos em que ela aparece.

Imagine que eu tenho uma marca chamada Jujuba e que eu não tenha uma locução dela. Mas claro, existe uma comunicaçao ali, ok, um pouco mais alinhada, mas sem investir em um plano de marketing.

Então, eu faço um cartão de visitas, coloco o nome da minha marca ali, também o meu nome, meu cargo CEO e dados de contato e entrego para uma pessoa. Afinal, a Jujuba faz o quê? Vamos supor que seja uma loja de roupa infantil e aquela pessoa a quem eu entreguei o meu cartão de visitas, em algum momento, estará precisando comprar roupa infantil.

Ela tem o meu cartão de visitas ali, mas não sabe do que se trata ou não se lembra. Nesse caso a locução se faz necessária. Já no caso de uma marca que tem recursos, ela já não tem esse problema, porque ela está investindo em marketing e está trabalhando a constância da marca, a estratégia, o posicionamento, enfim, neste caso, a locução é dispensável.

* Alexandre Wollner (1928 – 2018) foi um designer gráfico brasileiro.

Cilene Silveira é designer de marcas, especialista em projetos de identidade visual.
Site: cilenesilveira.com.br | Instagram: @cilenesilveiradesigner

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